Curso de Psicanálise Fácil- A Psicoterapia e uso da medicação

A Psicoterapia e uso da medicação

Curso de Psicanálise Fácil- A Psicoterapia e uso da medicação; Nem o psicólogo, nem o psicanalista não médico, nem os psicoterapeutas não médicos, podem prescrever medicações psiquiátricas. O uso dos remédios psiquiátricos serve basicamente para reduzir a ansiedade e outros sintomas das perturbações psíquicas. No entanto, o uso de psicofármacos tem seus efeitos colaterais físicos indicados nas próprias bulas. Ocorrem também outros efeitos, não físicos.

As drogas funcionam como meio para o analisando deslocar conteúdos psíquicos ao analista. Receber ou tomar medicamentos vai gerar no analisando respostas conscientes e inconscientes, forma parecida como ele reage ao receber apoio na TA ou tratamento dirigido ao insight (TI).

Exemplos de respostas conscientes do analisando:

Para alguns indivíduos o tratamento psicológico/psicoterapêutico ou psicanalítico está associado ao uso de remédios. Eles acham que o “simplesmente conversar” da TI ou TA, é duvidoso. Assim ao usar o medicamento o analisando se sentirá melhor acolhido pelo psiquiatra-psicanalista, aumentará o prestígio do profissional, e se os sintomas da ansiedade e de outras perturbações psíquicas forem diminuídas, poderá auxiliar no resultado final na TA e na TI.

No entanto se a droga não produzir, ou se provocar efeitos colaterais, o sentimento consciente de confiança do analisando dirigido ao analista pode diminuir ou até cessar, e o tratamento fracassar.

O analisando poderá ter informações erradas sobre os medicamentos.
O analisando pode desenvolver sentimentos conscientes negativos que podem atrapalhar a TI e a TA:
Medo de tornar-se viciado.
Vergonha da necessidade de tomar drogas.
Medo do tratamento não dar resultados.

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Exemplos de respostas inconscientes do analisando:

Estas reações são muito mais significativas que as conscientes. As mesmas forças dos impulsos primitivos, e das defesas neuróticas inconscientes, ocorrem com relação ao dar e tomar medicamentos. Se o efeito do remédio foi positivo, tanto a droga quanto o psiquiatra são associados inconscientemente pela analisando, e podem resultar em melhor efeito.

Se o efeito da droga foi negativo, se causa problemas colaterais, as reações transferenciais, fantasias (do analisando para o analista), podem prejudicar a TI ou a TA. A droga pode representar simbolicamente o analista, ou acentuar o processo de identificação com ele, o que produzirá uma variedade de conteúdos transferenciais, como desejo de amor, controle do objeto, presença constante do psiquiatra ou do psicoterapeuta. Uma paciente disse: “Sinto-me mais segura quando te levo comigo neste frasco de pílulas”.

Em muitas ocasiões a droga pode produzir efeitos negativos e o analisando pode deixar de tomar o medicamento. O analisando pode usar a droga para racionalizar os benefícios ou não da TI ou TA. Quando a transferência é negativa o analisando pode querer vencer o psiquiatra, negando seu poder ou influência, tudo isto sendo deslocado para a droga, no caso, o analisando pode deixar de tomar o medicamento, ou “esquecer” (de propósito) de ingerir.
Um mesmo medicamento pode ter efeitos bem variados quando prescrito por diferentes psiquiatras, o que mostra a força das reações de transferência. O impacto das forças transferenciais das drogas pode ser tão intenso, que embora o analisando não tenha tomado a medicação, a simples posse das pílulas, ou mesmo da receita, provoca
diminuição dos sintomas da enfermidade.

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