Identificar esquemas disfuncionais

Se tem algo que realmente transforma o trabalho na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), é a capacidade de identificar esquemas disfuncionais (EDs). Afinal, essas crenças nucleares, muitas vezes invisíveis no dia a dia, influenciam diretamente nossas decisões, comportamentos e emoções. Neste artigo, compartilho um guia prático sobre como reconhecer e trabalhar esses esquemas, trazendo técnicas essenciais para psicólogos, terapeutas e qualquer pessoa interessada no autoconhecimento.

Esquemas disfuncionais (EDs) são crenças (valores) nucleares ocultos abaixo dos pensamentos automáticos. Os EDs nos fazem filtrar as informações, tomar decisões erradas e ter padrões de comportamentos desadaptativos. Os EDs nos mantém presos numa espécie de gaiola existencial. Assim passamos a vida toda aproveitando muito pouco do nosso potencial.

Os EDs são formados na infância pela influência familiar, dos traumas, das crises, dos estresses.
A genética também tem forte influencia nos EDs, pois temos que lidar com as limitações das doenças físicas e emocionais, desde o nascimento. O indivíduo tem diferentes tipos de EDs que formam o tipo de personalidade dele e seus respectivos transtornos mentais ou neuroses. Exemplos:

Tipo 1 do Eneagama, Perfeccionista, tem EDs como este: “tenho que estar no controle porque sei o que é certo”.

Tipo 9 do Eneagama, Dependente, tem EDs como este: “não consigo me virar sozinho, preciso dos outros”.

Entender como funciona os EDs é a tarefa mais importante no tratamento pela TCC para a depressão, os TA, os transtornos de personalidade e muitos outros problemas de saúde mental.

IDENTIFICANDO OS EDs.

Como descobrir os EDs?
Com questionamento socrático, simulações (role-play), geração de imagens e outros métodos de TCC. Um exemplo de ED: “não se pode acreditar nas pessoas”, tal ED irá incapacitar o indivíduo para relacionamentos saudáveis na vida, a ponto dele desenvolver depressão, transtornos de humor e de personalidade graves, isolamento social.
A TCC usa a técnica da seta descendente (TSD) para identificar EDs. Na TSD se usa perguntas que revelam níveis de EDs cada vez mais profundos.

Como usar a TSD?
Psicoeduque o cliente sobre o que é a TSD. Só use a TSD depois de consolidar com empatia a aliança terapeuta-cliente.
Gerar EDs cria sentimentos dolorosos.
Reflita se é a hora certa para usar a TSD e revelar os EDs.
Faça perguntas bem focadas nos tipos de sofrimento trazidos pelo cliente e vá aprofundando.
Gere uma hipótese de ED que pode estar oculta (subjacente) nos PADs.
Pense sobre o que fazer depois de descobrir os EDs.
Veja abaixo como funciona a TSD.

manual de pensamentos automaticos disfuncionais

identificar os esquemas disfuncionais

IDENTIFICANDO OS PADs (pensamentos automáticos disfuncionais)

1. Identifique os temas que se repetem na fala do cliente. Ex.: “ninguém me valoriza”; “as pessoas não me procuram”; “vivo sozinho”.

2. Encontre PADs nos registros feitos ao longo das sessões de TCC.

3. Peça para o cliente reconhecer nas suas anotações (no caderno de tarefas) se existe uma lógica oculta na repetição dos PADs e EDs.
Veja a seguir um exercício sobre PADs e EDs.

Pensamentos automáticos disfuncionais

4. Fazer como tarefa de casa uma revisão da história pessoal do cliente procurando temas “quentes” que podem ter gerado EDs como traumas, crises, experiências desagradáveis, frustrações.

5. Faça perguntas para o cliente que possa revelar PADs e EDs. Perguntas sobre:
Pessoas importantes, interesses pessoais (trabalho, passatempos, religiosidade), formação e influencia social, formação cultural (tradições), educação formal e informal, leituras, estudos de interesse pessoal, experiências marcantes.

6. Use inventários de Esquema (saudáveis x disfuncionais). São úteis para quando o cliente trava e tem dificuldade de reconhecer suas crenças nucleares. Veja abaixo um modelo de inventário.

esquemas saudáveis x esquemas disfuncionais

7. Mantenha registros pessoais sobre os PADS e os EDs para não ocorrer esquecimentos e se perder conteúdos feitos ao longo das sessões de TCC.

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Os esquemas disfuncionais (EDs) são crenças nucleares profundamente enraizadas que influenciam nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Formados principalmente na infância, eles moldam a forma como interpretamos o mundo e podem estar na raiz de diversos transtornos psicológicos. No contexto da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a identificação desses esquemas é essencial para promover mudanças efetivas no tratamento de depressão, transtornos de ansiedade e personalidade. Técnicas como o questionamento socrático e a seta descendente ajudam a revelar EDs ocultos, permitindo uma reestruturação cognitiva mais eficiente. Este artigo explora métodos para identificar e trabalhar essas crenças, fornecendo insights valiosos para profissionais da psicologia.

Saiba mais sobre

O que são esquemas disfuncionais (EDs)? São crenças nucleares formadas na infância que influenciam nossas decisões e padrões de comportamento, muitas vezes de forma negativa.

Como os esquemas disfuncionais afetam a saúde mental? Eles podem levar a transtornos como depressão, ansiedade, dificuldades nos relacionamentos e padrões de pensamento autossabotadores.

Quais são as principais técnicas para identificar EDs na TCC? Técnicas como seta descendente, questionamento socrático e simulações (role-play) ajudam a revelar esses esquemas ocultos.

O que são pensamentos automáticos disfuncionais (PADs)? São pensamentos recorrentes e negativos que reforçam os esquemas disfuncionais, como “ninguém se importa comigo” ou “não sou bom o suficiente”.

Como a TCC pode ajudar na modificação dos EDs? A terapia trabalha a reestruturação cognitiva, desafiando crenças limitantes e promovendo novas formas de pensamento mais saudáveis.

Existe alguma ferramenta para facilitar a identificação de EDs? Sim, inventários de esquemas (saudáveis x disfuncionais) ajudam clientes a reconhecer padrões de crença e trabalhar sua transformação.

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