Psicanálise Fácil e Prática – Artigo 3

Psicanálise Fácil e Prática – Artigo 3

Exemplos de mecanismos de defesa psicanálise

Neste artigo, eu exploro de forma prática e acessível como a psicanálise explica o uso dos mecanismos de defesa diante de conflitos internos. Com exemplos claros e detalhados, você verá como forças como o ego, superego e ID interagem, mostrando o impacto da ansiedade e da realidade externa em nosso comportamento e bem-estar mental.

Psicanálise: Exemplos de mecanismos de defesa.

A seguir veremos alguns exemplos das lutas entre as forças psíquicas, ID x superego x ego, a ansiedade e a realidade externa:

Caso 1. Uma pessoa sente muita raiva de um colega de trabalho, o seu supervisor, porque é alvo de DURAS críticas sobre o desempenho profissional. O Indivíduo diante dessa realidade externa tensa tem o impulso (do ID) de agredir fisicamente o colega, com um soco. No entanto, surge um conflito e muita ansiedade, a pessoa sente que algo a proíbe de realizar a agressão (superego), pois seria demitida e até levada à delegacia. Então, o ego dá um jeito, como gestor inteligente e astuto ele controla a situação, cria um mecanismo inconsciente de defesa regulador. O indivíduo querendo agradar o chefe e amenizar o conflito, convida o seu supervisor para jogar bola, e lá no jogo desfere golpes “sem querer” no colega, o que é aceitável num esporte de confronto físico. MAS, jogar bola e agredir não resolve de fato o conflito, pois o indivíduo poderia conversar com o supervisor e comunicar que ficava triste com as críticas. Com o tempo, e o conflito não solucionado, há um aumento da tensão, a qual faz surgir uma forte neurose. O indivíduo cria assim uma formação de compromisso, entre querer dar o soco (o ID é impulsivo), mas não poder soquear (o superego proíbe) e o ato de jogar bola para agredir, usando um mecanismo de defesa (*), que encobre as verdadeiras intenções. Ocorre então uma solução falsa, típica dos mecanismos de defesa do ego. A partir daí o indivíduo passará a sofrer de uma neurose crescente que poderá levá-lo a uma forte depressão ou outro tipo de doença mental. Moral da história: não resolver verdadeiramente o conflito causa doenças!

O mecanismo de defesa, usado nesse caso é a sublimação, onde o impulso impróprio de socar é desviado para algo aceitável, jogar bola.

Caso 2. Um homem heterossexual casado é perturbado por fortes desejos de atos homossexuais dirigidos a um amigo. O ID quer a imediata satisfação, mas o superego, a consciência moral do homem, o proíbe de ter tal ato sexual com o amigo, causando-lhe forte sentimento de culpa, medo, vergonha e ansiedade sem controle. Então, o ego cria um mecanismo de de defesa conciliador, mas não totalmente eficaz, contra o ID e o superego, satisfazendo as duas forças, deslocando (*) o desejo impróprio homossexual para uma atividade menos comprometedora, como trocar beijos com outros homens numa peça de teatro aceitável socialmente, onde nas cenas ocorrem relacionamentos homoafetivos, sem o ato sexual. O homem se matricula imediatamente num curso de teatro. O superego agradece porque não ocorrerá o ato sexual, o ID fica satisfeito porque os beijos podem ser extremamente libidinosos, podendo ser até mais satisfatórios que o ato sexual, e o ego sai assim vitorioso, porque neutralizou a situação conflituosa. No entanto, ainda assim, o homem não resolveu o problema dele, ter o ato sexual real com o amigo.

O mecanismo de defesa, nesse caso é o deslocamento, onde o impulso impróprio homossexual é disfarçado.

O ego apenas criou uma saída que não solucionou o conflito verdadeiramente. Houve uma solução falsa. Com o tempo, a pressão libidinosa reprimida, poderá ser tão grande que uma neurose poderá surgir e crescer até provocar comportamentos e sentimentos muito prejudiciais ao indivíduo. O homem poderá desenvolver comportamentos como impotência sexual, depressão, ansiedade generalizada, sentimentos hostis contra mulheres ou homens, comportamentos sádicos ou masoquistas, etc.

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O artigo aborda como a psicanálise analisa os mecanismos de defesa em situações cotidianas que envolvem tensões internas e conflitos. Utilizando dois casos específicos, ele ilustra o papel do ego na mediação entre os impulsos do ID e as proibições do superego, destacando os mecanismos de sublimação e deslocamento. A análise mostra como soluções aparentes desses conflitos podem agravar questões psicológicas, levando a quadros de neurose e até doenças mentais. Através dessa abordagem, o artigo esclarece a importância de compreender e solucionar genuinamente os conflitos internos para a saúde mental.

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O que é o mecanismo de defesa na psicanálise?
Os mecanismos de defesa são estratégias inconscientes que o ego utiliza para lidar com conflitos entre os impulsos do ID e as restrições do superego.

Qual o papel do ID no conflito interno?
O ID representa os impulsos primitivos e busca a satisfação imediata de desejos, frequentemente em desacordo com o superego.

Como o superego influencia as decisões do ego?
O superego atua como uma força moral que inibe certos impulsos do ID, causando ansiedade e conflitos quando esses desejos vão contra valores internalizados.

O que é sublimação na psicanálise?
A sublimação é um mecanismo de defesa onde o ego redireciona impulsos inaceitáveis para atividades socialmente aceitáveis.

Qual é o impacto de um conflito não resolvido?
Conflitos não resolvidos podem gerar neuroses e até doenças mentais, como depressão, ao longo do tempo.

Como o deslocamento funciona como mecanismo de defesa?
No deslocamento, o ego desvia um desejo proibido para um substituto menos ameaçador, satisfazendo parcialmente o ID sem quebrar normas morais.

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